Resenha - Meu Inverno em Zerolândia

Olá pessoas, como vão?

O que posso falar desse livro... Sabe aquele livro que você pega sem pretensão nenhuma? Expectativa zero?

Foi assim que se deu com esse livro, comecei a ler hoje ás sete da manhã e o terminei ao meio dia. Simples assim.

A italiana Paola Predicatori, traz uma narrativa marcante, delicada e ritmada. O livro é curtinho e, mesmo não havendo muitos diálogos, a leitura flui de tal forma que em poucas horas o livro é terminado.

Meu Inverno em Zerolândia conta a história da Alessandra. Ela, com apenas 16 anos, acaba de perder a mãe. O falecimento desta, não se dá de uma hora para outra, ela teve câncer, desse modo é algo doloroso e que se arrasta aos poucos.

Em 27 de setembro, primeiro dia de aula depois da morte de sua mãe, Alessandra fica apavorada, esta se sente como alguém cujo segredo mais íntimo acaba de ser revelado ao mundo. Ela não quer chamar a atenção, não quer seus amigos e até colegas com quem nunca falou perguntando como ela está e dando palavras motivacionais. Não quer que o mundo continue, mas tudo tem que continuar, o mundo não parou, ela tem que ir em frente.

Sendo assim, ao invés dela se sentar na carteira de sempre, ao lado de sua "amiga" Sonia, Ale tem duas opções: ou ela vai embora dali ou fica invisível. Com isso, ela segue para a carteira dos fundos, deixando todos da sala chocados.

Alessandra senta ao lado de Gabriel Righi, apelidado por todos de Zero.

Gabriel não tem uma vida fácil: ele passa por dificuldade em casa, tendo um pai que vive para bebida; uma mãe que trabalha por dois e sofre com a violência do marido. Zero é o cara que não está nem aí pra nada. Reservado e quieto, ele vira motivo de chacota da classe, cada um inventa algo sobre ele, seu passado, seu presente, assim, quando Ale senta ao lado de Zero, dele não sai nenhuma expressão, ele simplesmente a ignora. E isso para a Alessandra é o paraíso.

"E no entanto aqui estou, esmagada de tristeza misturada com uma ridícula dose de loucura, colada á mesa, com a contagem regressiva já iniciada. Três, dois, um. Zero."

Assim ela apelida os seus lugares de Zerolândia. Se afastando de seus amigos e apenas vivendo um dia de cada vez. Um silêncio de cada vez. Em um novo mundo.

"Agora estou em Zerolândia. Novo país, novas pessoas, praticamente duas, eu e  Gabriel Righi, o único, exclusivo e autêntico Zero, o rei absoluto de um reino deserto, bobo da corte numa turma que não perde a ocasião de dar risada ás suas custas. E ele corresponde, nunca nos decepcionou."

O livro intercala capítulos de antes e depois da morte da mãe de Alessandra. Conhecemos á fundo suas lutas, dores, arrependimentos, enfim, suas experiências boas e ruins. Vemos o quanto a dor da perda está quebrando a Ale aos poucos.

Claro que, com o passar do tempo, Alessandra e Gabriel começam a se conhecer e acabam se relacionando. Todos da sala os apelidam de Zero e Zeta.
Contudo Ale e Gabriel são imprevisíveis, fechados, angustiados; com seus próprios problemas, e isso afeta o relacionamento deles.

A autora trouxe um romance além do amor romântico, ela aborda diversos tipos de amor e este livro tem como sua verdadeira base o amor entre mãe e filha. Zerolândia é um lugar para desaparecer, para guardar as dores, as lembranças; para recomeçar pouco a  pouco. Em seu próprio tempo.
E dessa forma, vamos presenciando os erros e acertos da Ale, assim como seus recomeços.

"Quando a felicidade voltar, vou fingir que não é nada.
 Fingirei não perceber, como alguém que pode dispensá-la, que aprendeu e que basta.
Quando a felicidade voltar, não vou dizer nada a ela. 
Fingirei não a ver e pronto. 
Do mesmo jeito como, quando estudava, eu ouvia você se movimentando em seu quarto, 
ouvia o rádio transmitir a música baixinho, 
e não prestava atenção porque aquilo me parecia uma coisa de nada. 
Era aquilo, a felicidade, e eu não sabia.
Ás vezes no silêncio me parece haver alguma coisa do outro lado da parede e começo a escutar. Encosto o ouvido ali e espero. 
Da minha parte, só o vazio;  da sua, a ausência.
 E vencem sempre. 
Deixo que me aniquilem com o poder das coisas invisíveis.
 Quando eu era pequena, você me botava na cama e encostava a porta. 
Eu ouvia vovó perguntar baixinho "Ela dormiu?" e você respondia "Sim, estava cansada. Passou o dia brincando", e depois "Se amanhã fizer tempo bom, vou levá-la á pracinha."  
Vou levá-la á praia, vou levá-la comigo. 
Até o fim do mundo. 
Sempre.
 Para sempre. 
Vozes de outro aposento. 
A felicidade não era um grito, mas apenas um sussurro.
Vozes de outro aposento. 
Devo me lembrar disso, embora saiba que nada será como antes, nada volta igual no tempo.
 Aquele cochicho baixinho é toda a felicidade que conheço."

Esse livro é muito lindo, com passagens e reflexões maravilhosas. Não tem como não chorar com as lembranças que a Ale tem da mãe. Os diálogos estão na pontuação de Portugal, ou seja, entre aspas. A capa e diagramação são lindas. Esse é um livro com pessoas normais, com suas certezas e incertezas, com seus vícios e dores. O final é aberto á interpretações, o que fez perder uma estrela no Skoob, entretanto é uma leitura que vale muito. Recomendo muito essa leitura.

E você, já esteve em Zerolândia?


Beijos da Bruh

6 Gostou? Comente!:

  1. Oi Bruh, tudo bem?
    Acho o título desse livro divertido e engraçado.
    A história também parece ser fofa. =)
    Beijos,

    Priscilla
    http://infinitasvidas.wordpress.com

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  2. eu achei a capa maravilhosa!!!!
    Sua resenha abriu meu interesse, onde posso encontrar ele para comprar?
    bjus
    http://tutiaah.blogspot.com.br/

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  3. Oi Bruh,
    Adorei sua resenha e parece ser um livro emocionante.
    É bom quando pegamos um livro assim e terminamos no mesmo dia.
    Fiquei interesseda na história, mas nao sou muito fã de livros que ficam indo ao passado e voltando na historia :|
    Então estou com um pé atrás para ler.
    Bjs
    http://diarioelivros.blogspot.com.br/

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  4. Oi, Bruh, tudo bem?

    O livro é bem curtinho, né? Não sabia...
    Eu já fiz uma reprodução dessa capa para uma promoção do Skoob! hahaha
    Eu gosto bastante desse artifício passado/presente nos livros e esse último trecho que você separou é lindo! ♥

    Beijo
    - Tamires
    Blog Meu Epílogo | Instagram | Facebook

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  5. Oi Bruh,
    Fiquei curiosa, gente literatura italiana!
    Amei os quotes que você selecionou e espero ler em breve.

    tenha uma ótima semana.
    Nana - Obsession Valley

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  6. Oi,
    Ainda não conhecia o livro, mas fiquei bastante curiosa! Adoro livros que nos fazem refletir sobre a vida!
    Bjs!
    Fadas Literárias

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